Medicina de precisão

Como o teste genético pode auxiliar na prevenção de doenças e nos resultados de emagrecimento e hipertrofia

O teste genético é um tipo de teste médico que busca alterações nos genes de uma pessoa e consegue identificar as chances que ela tem de desenvolver determinada doença. Ao saber que existe uma predisposição genética, é possível, então, desenhar um plano de ação preventivo. 

O médico nutrólogo Diogo Ferreira Dias explica que o exame pode ser realizado em qualquer idade, porém destaca que, quanto mais cedo, melhor será o planejamento para que o paciente evite a doença. 

O especialista também afirma que é importante entender que nem tudo que aparece no resultado irá acontecer obrigatoriamente. “Eu falo para os pacientes que a genética é como uma arma. Depois que você atira, a bala não volta mais, assim os genes ruins (para doenças e intolerâncias), quando são ativados, não podem ser desativados. Por isso fazemos de tudo para que esses genes não sejam ativados. Isso explica a importância de realizar o teste o mais cedo possível”, afirma. 

Diogo é especialista em hipertrofia, emagrecimento e longevidade, e trabalha com o teste genético na nutrologia. O objetivo é mostrar as características metabólicas de cada pessoa e, assim, criar estratégias de nutrição, atividade física e suplementação, de forma personalizada com base no DNA.

“Com o teste você consegue alcançar objetivos de maneira muito mais rápida, porque tudo é pensado de acordo com a sua genética. Se o objetivo é emagrecimento, por exemplo, podemos descobrir se você responde melhor a uma dieta low carb, cetogênica, jejum intermitente ou apenas rica em fibras. O mesmo funciona para o exercício físico, se responde melhor com treino de força ou aeróbico. Podemos saber também a sua capacidade de ganho de massa muscular, força muscular, tolerância à dor e com qual tipo de exercício é mais fácil chegar ao seu objetivo”, explica.

O teste auxilia a identificar também a carência de substâncias no organismo, como as vitaminas, por exemplo.

Mais saúde e bem-estar e resultados mais eficientes

O termo “Precision Medicine”, ou “Medicina de precisão”, começou a ser utilizado de forma ampla a partir de janeiro de 2015 com o lançamento da “Precision Medicine Initiative” pelo então presidente Barack Obama. 

A diferença para a medicina personalizada é que esta se relaciona, pela definição do termo, a uma abordagem individualizada com medicamentos desenvolvidos exclusivamente para um determinado paciente, enquanto que a medicina de precisão pretende entender a resposta de determinadas subpopulações, utilizando dados como expressão gênica e apresentação clínica, para a prescrição da melhor terapêutica.

A Medicina de Precisão alia os dados já convencionalmente utilizados para diagnóstico e tratamento — sinais, sintomas, história pessoal/familiar e exames complementares amplamente utilizados — ao perfil genético do indivíduo.

Diogo cita alguns exemplos de como o mapa genético pode auxiliar no resultado dos pacientes. “Tenho um paciente que tem dificuldade em comer ou beber tudo o que é amargo, como alface, brócolis, rúcula, até a cerveja. Com o teste descobrimos uma alteração genética que faz com que ele sinta o gosto amargo mais forte do que outras pessoas. Outro paciente sentia o gosto de sabão ao comer coentro, e descobrimos também uma alteração genética. Um terceiro paciente queria ganhar massa muscular e comia muitos ovos por dia, mas no teste identificamos uma alergia ao ovo e, quando tiramos o alimento da dieta, houve uma evolução e o ganho de massa muscular. Em outra ocasião, uma paciente que desejava emagrecer, relatou que comia um balde de saladas nas refeições, depois comia carne para tentar ter saciedade. Mas no teste genético identificamos que ela precisava comer carboidratos, então quando colocamos feijão e arroz na dieta, ela conseguiu emagrecer. Em dois meses, perdeu cerca de seis a sete quilos. Temos também um caso em que o paciente ficava muito ansioso e irritado durante o dia. Descobrimos com o teste que ele era um metabolizador lento de cafeína, ou seja, a cafeína ficava no corpo dele por muito mais tempo. Em outra situação, descobrimos que uma paciente tinha uma resposta melhor para corridas do que para qualquer outro tipo de treino. Apesar de não gostar, ela começou a correr e teve resposta mais rápida de emagrecimento”. 

Como o teste é realizado

O doutor Diogo atende no Instituto de Pesquisa do Comportamento Alimentar de Curitiba (IPCAC), na Rua Pasteur, 820, no Batel. O teste é realizado no próprio consultório, por meio da coleta de saliva, e enviado ao centro de tradução em Israel.

Por Joenalva Porto

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